Boi tatá
Querendo te engolir
Já disse a velha sabia
Ele vai te seduzir
Cobra de fogo com seus olhos labaredas
Incendiando um cenário de tristeza
Boi tatá
Querendo me engolir
Não tem mais faz de conta
Ele vai te consumir
Devora mundos, sua sanha é de riqueza
Vomita chumbo, peste, guerra e pobreza.

Primeiro queimou a mata
Espalhou fumaça
Escureceu o lindo sol
Da natureza
Envenenou a água
Empestiou o ar
Da terra mãe sugou
Toda sua riqueza

Fez do ser humano escravidão
Trabalho duro para alimentar sua ganância
Fez a miséria carregar o mundo nas costas
E convenceu o povo da sua proposta

Dividiu o povo entre classes sociais
Transformou os homens em seus meros serviçais
E a mulher a sua força relegou
Nem a criança sua infância perdoou

Botou juiz pra dar terra pra quem já tem
Plantou veneno onde então nascia flor
E com seus olhos filmou 
botou na televisão
Que ia ser bom para toda população

Até que um dia o povo despertou
E viu mesmo sem olho e enxergou
Que é mais forte unido
Os braços estenderão, as pernas passaram
Seu corpo forte agigantará
E a luta
Que ali se travará
E um grito alto
Há de ecoar

O povo unido
Jamais será vencido
Junta o bando
Vinga o banzo
Pra malês se revoltar
Canta Palmares, Jabaquaras, Queixadas
Levanta o povo, toca fogo na chibata

O povo unido
Jamais será vencido
Mata a cobra
Mostra o pau
E depois brinca o carnaval
Traz sua bandeira, o confete e a serpentina
Samba no coro da cobra com alegria.